sábado, 19 de julho de 2008

COLOCAÇÃO PRONOMINAL

A colocação pronominal emprega-se com os pronomes oblíquos átonos, que se incorporam foneticamente ao verbo, formando com este como que uma só palavra.

Em relação ao verbo, o pronome átono pode estar proclítico, mesoclítico ou enclítico. Essas três colocações denominam-se, respectivamente:

PRÓCLISE - Antes do verbo
Nunca o vi tão sereno e obstinado.
MESÓCLISE - No meio do verbo
Por este processo, ter-se-iam obtido melhores resultados.
ÊNCLISE - Depois do verbo
Amo-te muito.

QUANDO USAR A PRÓCLISE

1) Quando houver palavras que possam atrair o pronome. Ocorre com:

1.1) palavras de sentido negativo:
Nada a perturba.
1.2) orações iniciadas por pronome ou advérbio interrogativo:
Quem me busca a esta hora tardia?
1.3) orações que exprimem desejo (optativas):
Deus o guarde!
1.4) orações iniciadas por palavras exclamativas:
Que Deus o abençoe!
1.5) as conjunções subordinativas:
Confesso que me bambeou a perna.
ATENÇÃO! A conjunção pode estar oculta:
Que é que desejas te mande do Rio? (...que te mande...)

1.6) o gerúndio regido da preposição em:
Em se tratando de saúde, sejamos cautelosos.
1.7) certos advérbios ou expressões adverbiais:
Sempre me lembro dele.
1.8) pronomes relativos:
Conheces o homem por quem te apaixonaste?
1.9) o numeral ambos ou algum dos pronomes indefinidos (todo, tudo, alguém, outro, qualquer, nada, pouco, etc.):
Ambos se sentiam humildes e embaraçados.
Tudo se acaba.
1.10) as orações alternativas:
Maria, ora se atribulava, ora se abonançava
1.11) a oração que, disposta em ordem inversa, se inicia por objeto direto ou predicativo:
A grande notícia te dou agora.



QUANDO USAR A MESÓCLISE

1) A mesóclise só é utilizada com verbos no futuro do presente e futuro do pretérito, quando não houver palavra que provoque a próclise:
Dir-vos-ei que as nações semelham os indivíduos.

Para provocar a próclise, usa-se uma palavra atrativa:
Ninguém nos calará a voz.

QUANDO USAR A ÊNCLISE

Não havendo situação para próclise ou mesóclise, aplicar-se-á a ênclise. Ela ocorrerá nos seguintes casos:

1) nos períodos iniciados pelo verbo (que não seja o futuro):
Diga-me isto só, murmurou ele.

2) as orações reduzidas de gerúndio, quando nelas não houver palavras atrativas:
Logo de manhã, levantando-se da cama, sentiu-se mal.

3) o infinitivo não-flexionado, precedido da preposição a, em se tratando dos pronomes o, a, os, as:
Se soubesse, não continuaria a lê-lo.

ATENÇÃO!
Junto a infinitivo flexionado, regido de preposição, é de rigor a próclise:
Repreendi-os por se queixarem sem razão.

OBSERVAÇÕES:
I - Sempre que houver pausa entre um elemento capaz de provocar próclise e o verbo, prevalecerá a ênclise:
Depois, encaminhei-me para ele.

II - Não se dá a próclise nem a ênclise com os particípios. Quando esta forma nominal do verbo vem desacompanhada de auxiliar, usa-se sempre a forma oblíqua tônica regida de preposição:
Dada a mim a explicação, saiu.

III - Vindo o infinitivo impessoal regido da preposição para, quase sempre é indiferente a colocação do pronome oblíquo antes ou depois do verbo, mesmo quando modificados por negação:
Corri para defendê-lo.
Corri para o defender.

COLOCAÇÃO PRONOMINAL NAS LOCUÇÕES VERBAIS

Nas locuções verbais, quando houver:

1) verbo auxiliar + infinitivo, poderá ocorrer:

1.1) ênclise ao verbo auxiliar:
Devo-me calar.

1.2) próclise ao infinitivo:
Devo me calar.

1.3) ênclise ao infinitivo:
Devo calar-me.

ATENÇÃO!
Havendo palavra atrativa, só não poderá ocorrer a ênclise ao verbo auxiliar:
Não devo calar-me.
Não devo me calar.
Não me devo calar.

2) verbo auxiliar + preposição + infinitivo, poderá ocorrer:

2.1) ênclise ao infinitivo:
Deixou de visitá-lo.

2.2) próclise ao infinitivo:
Deixou de o visitar.

ATENÇÃO!
Havendo palavra atrativa, só não poderá ocorrer a ênclise ao verbo auxiliar:
Não o deixou de visitar.
Não deixou de visitá-lo.
Não deixou de o visitar.

3) verbo auxiliar + gerúndio, poderá ocorrer: (as mesmas situações do verbo auxiliar + infinitivo)

3.1) ênclise ao verbo auxiliar:
Ia-me esquecendo dela.

3.2) próclise ao gerúndio:
Tudo ia se escurecendo.

3.3) ênclise ao gerúndio:
Nós íamos seguindo; e, em torno, imensa, ia desenrolando-se a paisagem.

4) verbo auxiliar + particípio, poderá ocorrer:

4.1) ênclise ao verbo auxiliar:
Tenho-o trazido sempre, só hoje é que o viste?

4.2) próclise ao particípio:
Outro teria se metido no meio do povo, teria terminado com aquela miséria, sem sangue.

Questões que tratam deste assunto:

Questão 07 da prova da FCC - TRT/CE - (ANALISTA/2009)
Questão 17 da prova da FCC - TRT/MA (TEC.JUD.2009)

Você também pode se interessar por emprego do hífen.

domingo, 29 de junho de 2008

EMPREGO DO HÍFEN

O emprego do hífen é um dos assuntos mais difíceis da nossa língua. Com a reforma ortográfica, ele ficou mais simplificado, ajudando no entendimento deste assunto. No final deste tópico, falarei o que mudou com a reforma.

ANTES DA REFORMA ORTOGRÁFICA

Emprega-se o hífen:

1) em palavras compostas com autonomia fonética e acentuação própria, mas com um novo significado.
Observe:
Pão duro = pão endurecido
Pão-duro = Sovina, mão-de-vaca

Copo de leite = copo com leite
Copo-de-leite = nome de uma flor

2) para ligar pronomes átonos a verbos:
lê-lo, deixe-o
3) em adjetivos compostos:
cor-de-rosa, sem-vergonha

4) em palavras formadas pelos adjetivos de origem tupi açu, guaçu e mirim, se o elemento anterior acaba em vogal acentuada ou nasal:
sabiá-guaçu, capim-açu, socó-mirim

5) em vocábulos formados por elementos e prefixos com acentuação própria ou evidência semântica:
além-: além-mar, além-túmulo
aquém-: aquém-mar
pré-: pré-aviso, pré-eleitoral, pré-história
pró-: pró-americano, pró-alfabetização, pró-paz
recém-: recém-nascido, recém-casado
pós-: pós-graduação, pós-guerra
grã-, grão-: grã-fino, grão-mestre
não-: não-agressão
co-: co-acusado, co-direção, co-fundador
ex-: ex-aluno, ex-presidente
sem-: sem-educação, sem-cerimônia
vice-: vice-prefeito, vice-governador, vice-presidente, vice-reitor

Exceções: Alentejo, precondição, prodiagnóstico, pospontar, coexistir, exsurgir, sensabor, vicedômino.

6) depois dos seguintes prefixos, sempre que for preciso evitar pronúncias incorretas:

6.1) auto-, contra-, infra-, intra-, neo-, proto-, pseudo-, semi-, supra-, ultra-, extra-, antes de vogal, h, r ou s:
auto-hipnose, contra-ataque, infra-estrutura, ultra-radical. Portanto, sem hífen: autoconfiança, semicírculo, supracitado, ultravioleta.

Exceção: extraordinário

6.2) ante-, anti-, arqui-, sobre-, antes de h, r ou s:
ante-sala, anti-horário, arqui-sábio, sobre-saia. Portanto, sem hífen: antebraço, antiaéreo.

6.3) super-, hiper-, inter-, antes de h ou r:
super-homem, inter-relação.

6.4) ab-, ad-, ob-, sob- e sub-, quando seguidos de elementos iniciados por r:
ab-rogar, ad-renal, ob-reptício, sob-roda, sub-reino, etc.

ATENÇÃO: O prefixo sub leva hífen também antes de h ou b:
sub-base, sub-humano. Este último também pode ser escrito sem h e sem hífen: subumano.

6.5) circum-, pan-, mal, antes de vogal ou h:
pan-americano, mal-educado, circum-adjacente. Antes de outras letras, sem hífen: malcriado, circunavegação.

6.6) bem-, quando a palavra que lhe segue tem vida autônoma na língua ou quando a pronúncia o requer:
bem-amado, bem-estar, bem-aventurança, etc.

Outros prefixos e radicais
Com hífen apenas antes de h: entre-, mini-:
entre-hostil, mini-hélice. Portanto, sem hífen: entressafra, minissaia.

Sempre sem hífen: aero-, agro-, alvi-, audio-, bi-, cardio-, centro-, eletro-, hexa-, hidro-, maxi-, mega-, micro-, multi-, neuro-, para-, pluri-, poli-, psico-, radio-, socio-, tele-, turbo.
aeroclube, agroindústria, alviverde, audiovisual, bicampeão, cardiovascular, centroavante,
eletroidráulico, hexacampeonato, hidroavião, maxidesvalorização, megaestrutura, microempresa, multimilionário, neurocirurgião, paramilitar, plurianual, polirrítmico,
psicossocial, radioamador, socioeconômico, telessexo, turboélice.

Exceções: agro-doce, pára-choque, psico-história.


O QUE MUDOU COM A REFORMA ORTOGRÁFICA:
Não se usará mais o hífen:

a) quando o segundo elemento começa com s ou r, devendo estas consoantes ser duplicadas, como em antirreligioso, contrarregra, infrassom.
Exceção: será mantido o hífen quando os prefixos terminam com r, ou seja, hiper-, inter- e
super-
, ou seja, quando o prefixo terminar por consoante, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma consoante: hiper-requintado, inter-racial, sub-bibliotecário, super-romântico.

b) quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente.
Exemplos: extraescolar, autoestrada.
Mas: arqui-inimigo, anti-infl amatório, micro-ondas, etc.
Exceção: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar, coobrigação, coordenar, cooperar, coo peração, cooptar, coocupante,
coprodução,
etc.

ATENÇÃO!!
Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-homem. O restante das regras permanece, por exemplo, com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, vice usa-se sempre o hífen:
ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular,
pró-europeu, vice-rei, vice-almirante.

Exceção: predefinido, etc.

Assim, as respostas da enquete sobre emprego do hífen são malcriado (33% dos votos), mal-educado (66% dos votos) e subumano (66% dos votos).

Para saber mais sobre a reforma, acesse novo acordo ortográfico.


Você também pode se interessar pela acentuação gráfica.

sábado, 7 de junho de 2008

ACENTUAÇÃO GRÁFICA

É a forma encontrada por algumas palavras para representar a sua sílaba tônica. Estas palavras, na escrita, possuem o chamado acento gráfico. Eles podem ser:
· Acento agudo ( ´ ) – pá, café, médico
· Acento circunflexo ( ^ ) – você, lê, cômico
· Acento grave ( ` ) – serve para indicar a crase
· Trema ( ¨ ) – utilizado na vogal átona U dos grupos gue, gui, que, qui (quando o U for pronunciado): agüenta· Til ( ~ ) – aplicado sobre as vogais nasais A e O: mãe, depõe

Durante a exposição das regras de acentuação, em momentos oportunos, falarei sobre o que muda com a reforma ortográfica dos países que falam a língua portuguesa: Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Brasil e Portugal.

REGRAS DE ACENTUAÇÃO

1) Acentuam-se todas as palavras monossílabas tônicas terminadas em A, E, O:
Pá, fé, pó

2) Acentuam-se as oxítonas terminadas em A, E, O (mesmas terminações das monossílabas tônicas), EM, ENS:
Vatapá, vendê-lo, parabéns

3) Acentuam-se todas as paroxítonas, exceto as terminadas em A, E, O (seguidos ou não de s, desde que não formem ditongo), EM, ENS (terminações acentuadas das oxítonas), AM:
Amável, bíceps, hífen, júri, vírus, órgão, médium, álbuns, história

4) Acentuam-se todas as proparoxítonas, sem exceção:
Cínico, ângulo, protóipo

5) Acentua-se a vogal dos ditongos orais abertos tônicos ÉI, ÓI, ÉU:
Idéia, anéis, chapéu, dói, jibóia

O QUE MUDA COM A REFORMA:
Não se usará mais o acento nos ditongos abertos EI e OI de palavras paroxítonas.
Assim: assembléia, idéia, jibóia serão escritas sem o acento: assembleia, ideia, jiboia.
Mas: chapéu e dói continuarão com o acento.

6) Acentuam-se as letras I e U, tônicas, quando são a segunda vogal de um hiato, estando sozinhas ou formando sílaba com S:
viúva, caí, açaí, faísca

ATENÇÃO:
Mesmo sozinha na sílaba, a letra I não será acentuada quando seguida de NH (rainha).
Se for vogal repetida (II ou UU), não haverá acento (vadiice).

O QUE MUDA COM A REFORMA:
Não se usará mais o acento nas palavras paroxítonas, com I e U tônicos, quando precedidos de ditongo.
Assim: feiúra, baiúca serão escritas sem o acento: feiura, baiuca.

7) Acentua-se a primeira vogal do hiato ÔO:
Vôo, enjôo

O QUE MUDA COM A REFORMA:
Não se usará mais o acento em palavras terminados em hiato OO, como enjôo ou vôo - que se tornam enjoo e voo.

8) Acentua-se a primeira vogal do grupo EE dos verbos VER, LER, CRER, DAR, na terceira pessoa do plural, quando a terceira do singular termina em Ê. Os derivados desses verbos seguem a mesma regra:
Ele vê, lê, crê, dê - Eles vêem, lêem, crêem, dêem.

O QUE MUDA COM A REFORMA:
Não se usará mais o acento nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos VER, LER, CRER, DAR e seus derivados. A grafia correta será veem, leem, creem, deem.

9) Acentua-se a terceira pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos TER e VIR e seus derivados. O singular segue as regras gerais.
Eles têm, eles vêm

10) Usa-se o trema (¨) na letra U dos grupos GUE, GUI, QUE e QUI, quando é pronunciada e átona.
Agüentar, pingüim

ATENÇÃO:Usa-se o acento agudo quando a letra U for pronunciada e tônica, também apenas antes de E e I averigúe, apazigúe

O QUE MUDA COM A REFORMA:
O trema deixará de existir, a não ser em nomes próprios e seus derivados.
Não se usará mais o acento nas formas verbais que têm o acento tônico na raiz, com U tônico precedido de G ou Q e seguido de E ou I. Com isso, algumas poucas formas de verbos, como averigúe (averiguar), apazigúe (apaziguar) e argúem (arg(ü/u)ir), passam a ser grafadas averigue, apazigue, arguem.

11) Emprega-se o acento diferencial como sinal distintivo de vocábulos homógrafos, nos seguintes casos:

a) Para distinguir homógrafos tônicos e homógrafos átonos:
Tônicos / átonos
ás (carta de baralho, piloto exímio) / as (artigo feminino plural)
pára (verbo) / para (preposição)
péla, pélas (substantivo e verbo) / pela, pelas (contrações de per+a, per+as)
pélo (verbo); pêlo, pêlos (substantivo) / pelo, pelos (per+o, per+os)
pólo, pólos (extremidade, jogo) / polo (contração arcaica de por+o)
pôlo, pôlos (falcão)
pêra (fruta); péra ou péra-fita (grande pedra antiga fincada no chão) / pera (preposição arcaica)
pôr (verbo) /por (preposição)
côa, côas (formas do verbo coar) / coa, coas (contrtação com+a, com+as)
quê (subtantivo, pronome em fim de frase) / que (conjunção)
porquê (substantivo: motivo, causa) / porque (conjunção)

b) Excepcionalmente, para diferenciar o homógrafo tônico fechado pôde (pretérito perfeito do verbo poder) do homógrafo tônico aberto pode (presente do indicativo do mesmo verbo).
Ontem o médico não pôde atender. Hoje ele pode.

O QUE MUDA COM A REFORMA:
Não se usará mais o acento para diferenciar:
1. pára (flexão do verbo parar) de para (preposição)
2. péla (flexão do verbo pelar) de pela (combinação da preposição com o artigo)
3. pólo (substantivo) de polo (combinação antiga e popular de "por" e "lo")
4. pélo (flexão do verbo pelar), pêlo (substantivo) e pelo (combinação da preposição com o artigo)
5. pêra (substantivo - fruta), péra (substantivo arcaico - pedra) e pera (preposição arcaica)

Para saber mais sobre a reforma, acesse novo acordo ortográfico.

Questões que tratam deste assunto:

Questão 8 da prova do CESPE - IBAMA (SUPERIOR 2009)

Você também pode se interessar por regência.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL

A sintaxe de regência trata das relações de dependência entre os termos de uma frase. A regência é o modo pelo qual um termo rege outro que o complementa.

Em português, há dois tipos de regência: a regência verbal e a regência nominal.

Na frase, existem termos regentes e termos regidos. Os regentes são os termos que exigem a presença de outros que lhes completem o sentido. Os que completam este sentido são os regidos. Quando um verbo rege outro termo, tem-se a regência verbal:

“... ele não acreditava em nada daquilo,...” (Lya Luft)
(quem acredita, acredita em).

Quando um nome rege outro termo, tem-se a regência nominal:
Junto do prato, sempre as pedrinhas coloridas que são meus comprimidos.” (Lya Luft)
(quem está junto, está junto a ou junto de).

ATENÇÃO:Nem sempre, entre os termos regentes e regidos, haverá preposição. Isso vai depender do nome ou do verbo regente da frase.

REGÊNCIA NOMINAL

Neste caso, os nomes, que são os termos regentes, podem ser os substantivos e adjetivos. Abaixo, apresentamos a regência de alguns nomes que são consenso entre gramáticos:

Acessível a
Alheio a, de
Aversão a, para, por
Avesso a
Compatível com
Constituído de, por, com
Contente com, de, em, por
Contíguo a
Cruel com, para com
Curioso de, por
Devoção a, para com, por
Devoto a, de
Dúvida acerca de, de, em, sobre
Empenho de, em, por
Fácil a, de, para
Falho de, em
Feliz com, de, em, por
Fértil de, em
Hostil a, para com
Passível de
Peculiar aPropício aPróximo a, de
Residente em
Suspeito a, de
Versado em
Vizinho a, com, de


REGÊNCIA VERBAL

Para se entender a regência verbal, é importante, antes, falar sobre predicação verbal que é o modo pelo qual o verbo forma o predicado.

Classificação dos verbos quanto à predicação:
Transitivos diretos – verbos que exigem complemento que se liguem a ele sem a necessidade de preposição:

Meu pai comprou um carro. (quem compra, compra alguma coisa)

Transitivos indiretos – verbos que exigem complemento que se liguem a ele com a presença de preposição:

Eu preciso de ajuda. (quem precisa, precisa de alguma coisa)

Transitivos diretos e indiretos – verbos que exigem dois complementos: um direto (sem preposição) e outro indireto (com preposição)

A professora disse aos alunos que a prova seria na segunda-feira. (quem diz, diz alguma coisa a alguém)

Intransitivos – verbos que não exigem complemento.

A gente dormia no mesmo quarto. (quem dorme, dorme)

OBS: Neste último exemplo, no mesmo quarto é adjunto adverbial de lugar.
De ligação – verbos que ligam uma qualidade ou estado ao sujeito. A esta qualidade dá-se o nome de predicativo. Podem ser verbos de ligação: ser, estar, permanecer, ficar, andar, viver, achar-se, parecer, continuar, etc.

As matrículas acham-se abertas.
Abaixo, segue a regência de alguns verbos:

Abdicar (Renunciar, desistir)

É intransitivo:
D. Pedro I abdicou em 1831.
É transitivo direto:
A beldade abdicou o seu título de rainha.
É transitivo indireto (rege a preposição de)
Não abdicarei dos meus direitos.

Abraçar

É transitivo direto no sentido de cingir com os braços, ocupar-se de, seguir:
Muitos ainda abraçam as idéias comunistas.

OBS: O verbo abraçar pode ainda ter o sentido de adotar como sua:
Abroçou nossa causa.

Como pronominal, é transitivo indireto no sentido de cingir com os braços (rege a preposição a):
O bêbado abraçava-se ao poste para não cair.

Agradar

É transitivo direto no sentido de fazer agrados, mimar, acariciar:
A criança agrada seu cãozinho, coçando-lhe a cabeça.
É transitivo indireto no sentido de ser agradável, contentar, satisfazer, sendo o sujeito da oração nome de coisa (rege a preposição a):
A música agradou ao público
Neste mesmo sentido, quando o sujeito é nome de pessoa, é transitivo direto:
Por mais que se esforce, ela não consegue agradar o chefe.
Também pode ser intranstivo:
A apresentação da orquestra não agradou.
Como pronominal, é transitivo indireto no sentido de gostar (rege a preposição de):
Leila agradou-se muito do rapaz.

Agradecer

É transitivo direto e indireto com objeto direto de coisa e indireto de pessoa (rege a preposição a):
Agradeci o presente a meu pai.

Ajudar

É transitivo direto ou indireto, indiferentemente (quando indireto, rege a preposição a):
Ajudei este homem nos seus estudos.
Ajudei a este homem nos seus estudos.

Seguido de infinitivo, é transitivo direto e indireto:
Ajudei este homem a estudar.

Aludir

É transitivo indireto no sentido de referir-se (rege a preposição a):
Preferi não aludir a desagradável incidente.

OBS: Não admite, como complemento, o pronome átono lhe. Neste caso, utilize as formas tônicas a ele, a ela:Como o caso era melindroso, não aludi a ele.

Amar

É verbo transitivo direto:
Eu amo meu filho.

OBS: Em construções com a preposição a, temos objeto direto preposicionado:
Amar a Deus sobre todas as coisas.

Ansiar

É transitivo direto no sentido de causar mal-estar, angustiar, oprimir:
A falta de espaço ansiava o prisioneiro.
É transitivo indireto no sentido de desejar, almejar (rege a preposição por):
O povo brasileiro anseia por dias melhores.

Antipatizar (Não é verbo pronominal)

É transitivo indireto (rege a preposição com):
Antipatizei com todos naquela casa.
OBS: O verbo simpatizar (verbo pronominal) apresenta a regência do verbo antipatizar.

Apelar

É transitivo indireto no sentido de interpor recurso judicial à instância superior (rege a preposição de...para) ou no sentido de invocar auxílio de, recorrer (rege a preposição para):
O advogado apelou da decisão para o Superior Tribunal de Justiça.
Apelou muito para Santo Antônio, mas mesmo assim ficou solteira.


Aspirar

É transitivo direto no sentido de cheirar, haurir, sorver, inspirar, inalar, tragar:
Ela aspirou o perfume que o namorado usava.
É transitivo indireto no sentido de almejar, pretender, desejar, ambicionar (rege preposição a):
Eu aspiro ao cargo de gerência na empresa.

OBS: Não admite, como complemento, o pronome átono lhe. Neste caso, utilize as formas tônicas a ele, a ela:Eu aspiro a ele.

Assistir

É transitivo direto no sentido de prestar assistência, confortar, ajudar, socorrer:
O médico assistiu o doente.

OBS: Neste caso, alguns gramáticos dizem que, neste sentido, o verbo assistir também pode ser indireto, mas alguns dos principais gramáticos afirmam que ele é apenas direto. Num concurso, seria uma questão polêmica que deve ser evitada pelos seus elaboradores.
É transitivo indireto no sentido de ver, presenciar (rege a preposição a):
Os torcedores assistiam ao jogo do Bahia.

OBS: Não admite, como complemento, o pronome átono lhe. Neste caso, utilize as formas tônicas a ele, a ela:
“Não é propósito nosso descrevermos uma corrida de touros. Todos têm assistido a elas...” (REBELO DA SILVA)

É transitivo indireto também no sentido de caber, competir (rege a preposição a):
Este é um direito que assiste ao diretor.
Neste caso, aceita o pronome átono lhe.
Não lhe assiste o direito.
É intransitivo e de uso arcaico no sentido de morar, residir (rege a preposição em):
Assisto em Salvador desde que nasci.

IMPORTANTE: A explicação para todas as inaplicabilidades do pronome lhe (representante do objeto indireto) é simples: ele é um pronome que só pode fazer referência a pessoas.

Atender

É transitivo direto no sentido de acolher ou receber alguém com atenção, responder a alguém que se dirige a nós, ouvir, conceder, deferir um pedido:
O diretor atendeu os alunos.
Deus atendeu a súplica de seu servo.

É transitivo indireto no sentido de dar atenção a alguém, ouvir-lhe os conselhos, levar em consideração, atentar, prestar atenção a, satisfazer (rege a preposição a):
A mãe não atendia aos apelos do filho.
Atenderemos ao chamado do cliente.


Atingir

É transitivo direto, sempre:
Ele atingiu o auge da fama.

Avisar

É transitivo direto e indireto com objeto direto de coisa e indireto de pessoa, ou vice-versa.
Avisei o resultado aos alunos.
Avisei os alunos do resultado.

OBS: Os verbos prevenir, informar, certificar, comunicar, notificar e cientificar apresentam a regência do verbo avisar.

Bater

É transitivo indireto no sentido de dar pancadas (rege a preposição em):
Ele batia no menino todo dia.
Outros sentidos do verbo bater:
Bater a porta. (fechá-la com força)
Bater à porta. (Bater junto à porta para que abram)
Bater na porta. (Dar pancadas na porta)

Chamar

É transitivo direto no sentido de convocar, convidar, pedir a presença de alguém:
Ninguém o chamou aqui, moço.
É transitivo direto ou indireto no sentido de denominar ou qualificar alguém. Neste caso, o predicativo do objeto pode ser preposicionado ou não:
Chamei-o esperto.
Chamei-o de esperto.
Chamei-lhe esperto.
Chamei-lhe de esperto.


Chegar

É intransitivo que aparece modificado por adjunto adverbial de lugar (rege a preposição a):
Chegamos a São Paulo pela manhã.

Cheirar

É transitivo indireto no sentido de exalar um cheiro em particular (rege a preposição a):
O ambiente cheirava a cigarro.

Classificar (verbo pronominal)

É transitivo indireto no sentido de qualificar-se para outra fase de uma competição, concurso, vestibular, etc.
Será que seu time se classifica para a final do campeonato?

Comparecer

É intransitivo usado com adjunto adverbial de lugar (rege a preposição em ou a):
Os alunos não compareceram hoje na (ou à) escola.

Compartilhar

É transitivo direto ou indireto no sentido de tomar parte em (quando indireto, rege a preposição de):
Compartilhamos (de) sua alegria.

Consentir

É transitivo direto e indireto no sentido de permitir, aceitar (rege a preposição a):
O chefe consentiu ao funcionário que saísse mais cedo.
É transitivo indireto no sentido de concordar, anuir, aquiescer (rege a preposição em):
O pai não consentiu no casamento da filha.

Consistir

É transitivo indireto (rege a preposição em):
O arquipélago consiste em dezenas de ilhas.

Contentar-se

É transitivo indireto (rege a preposição com, de ou em):
“Contento-me com os raios desse ocaso.” (VISCONDE DE TAUNAY)
“Contentei-me de responder que não era tarde.” (MACHADO DE ASSIS)
“Contentava-se em bater palmas de longe.” (ANÍBAL MACHADO)

Custar

É transitivo indireto no sentido de ser custoso, difícil. Emprega-se apenas na 3ª pessoa e, geralmente, possui como sujeito uma oração reduzida de infinitivo, precedida ou não da preposição a:
Custa-me entender isso.
Custa-me a entender isso.

É transitivo direto e indireto no sentido de acarretar trabalhos, causar incômodos, sofrimentos, prejuízos (rege a preposição a):
A conquista do pão custa ao pobre muitos sacrifícios.
É intransitivo no sentido de determinar preço ou valor:
O livro custou quinhentos reais.

Deitar (verbo pronominal)

É intransitivo usado com adjunto adverbial:
Eu me deito tarde.
OBS: O verbo levantar (verbo pronominal) apresenta a regência do verbo deitar.

Demorar

É transitivo indireto no sentido de levar tempo, tardar ou custar e se usa com ou sem o pronome (rege a preposição a):
O juiz demorou (ou demorou-se) a dar a sentença.
É verbo pronominal intransitivo no sentido de atrasar-se:
Não se demorem, crianças.

Deparar

É transitivo direto ou indireto no sentido de encontrar (rege a preposição com):
Deparei dois erros na prova.
Deparei com dois erros na prova.

É verbo pronominal transitivo indireto no sentido de apresentar-se, surgir (rege a preposição a):
Uma solução deparou-se aos problemas.
É transitivo direto e indireto no sentido de fazer aparecer, apresentar (rege a preposição a):
“A ciência do naturalista não deparou a solução ao problema.” (CARLOS DE LAET)

Desfrutar

É transitivo direto ou indireto, indiferentemente (rege a preposição de):
Eles não conseguem desfrutar a (da) casa de praia, porque não têm tempo.

OBS: O verbo usufruir apresenta a regência do verbo desfrutar.

Desobedecer

É transitivo indireto (rege a preposição a):
Não desobedeçam aos sinais de trânsito.

OBS: O verbo obedecer apresenta a regência do verbo desobedecer.

Dignar-se (verbo pronominal)

É transitivo direto ou indireto, indiferentemente (rege a preposição de):
“Não se dignou abrir os olhos.” (JOSÉ GERALDO VIEIRA)
“Ele azeitava uma espingarda, sem dignar-se de levantar os olhos para mim.” (OTO LARA RESENDE)

Empatar

É transitivo indireto (rege as preposições de ou por):
Os dois times empataram de (ou por) 2 a 2.

Ensinar

É transitivo direto e indireto com objeto direto de coisa e indireto de pessoa ou objeto direto de pessoa e indireto no infinitivo (rege a preposição a):
Ensino a dança a João.
Ensina-o a converter cada espinho em flor.


Entreter-se (divertir-se, ocupar-se)

É transitivo indireto (rege as preposições a, com ou em):
De noite entretinha-se a ouvir música.
As crianças entretiveram-se com os palhaços.
Às vezes nos entretínhamos em recordar o passado.


Esquecer

É transitivo direto:
Esqueci o seu aniversário.
É transitivo indireto quando pronominal (rege a preposição de):
Esqueci-me do seu aniversário.
Ainda existe uma terceira construção estritamente literária:
Esqueceu-me o seu aniversário.

ATENÇÃO: O que nos dois primeiros exemplos é objeto (direto ou indireto) passa a sujeito no terceiro: O seu aniversário fugiu-me da lembrança.

OBS: Os verbos lembrar e recordar apresentam a regência do verbo esquecer.

Fugir

É transitivo indireto no sentido de ir embora (rege a preposição de) e também indireto no sentido de evitar (rege a preposição a ou de):
A menina fugiu de casa.
Não fuja aos (dos) problemas.


Implicar

É transitivo direto no sentido de acarretar, produzir como conseqüência:
Toda ação implica uma reação igual e contrária.
É transitivo indireto no sentido de ter implicância, mostrar má disposição (rege a preposição com):
A sogra costumava implicar com o genro.
É transitivo direto e indireto no sentido de envolver, enredar, comprometer (rege a preposição em):
Falsos amigos implicaram o jornalista na conspiração.

Implorar

É transitivo direto e indireto. Não devem ser usados com PARA, a menos que esteja oculta a palavra licença (rege a preposição a):
Implorei ao professor que não demorasse.

OBS: Os verbos pedir e suplicar apresentam a regência do verbo implorar.O menino pediu para sair. (pediu licença)

Ir

É intransitivo que pode aparecer modificado por adjunto adverbial de lugar regido da preposição a:
Vou ao cinema quarta-feira.

Levantar-se (verbo pronominal)

É intransitivo.
Levanto-me bem cedo, todos os dias.

OBS: O verbo deitar também é pronominal e tem a mesma regência de levantar.

Malograr-se (verbo pronominal)

É intransitivo no sentido de perder-se:
Essas providências fizeram o plano terrorista malograr-se.

Morar

É intransitivo e se faz acompanhar de adjunto adverbial de lugar (rege a preposição em):
Maria mora na rua das Orquídeas.

OBS1: Os verbos residir e situar apresentam a mesma regência de morar.

OBS2: Com a preposição a, só tem cabimento em construções que não designam logradouros públicos.
Moro a cem metros da estrada.

Obedecer

Fixou-se como transitivo indireto:
Obedeça à sinalização.
Também pode ser empregado como intransitivo:
Você é o único que não obedece.

OBS1: O verbo desobedecer apresenta a mesma regência de obedecer.

OBS2: Apesar de transitivo indireto, muitos gramáticos aceitam a voz passiva:
Os pais são obedecidos pelos filhos.

Obstar (opor-se, impedir, servir de obstáculo)

É transitivo indireto (rege a preposição a):
É um governo que obsta ao progresso do país.

Olhar

É transitivo indireto na acepção de dirigir ou voltar os olhos e na de cotejar, paquerar (rege a preposição para); mas usa-se com a preposição a na acepção de levar em conta, atentar:
Olhe para aquela mulher: não é uma princesa?
Quem ama não olha a defeitos.

Pagar

Admite as seguintes regências:

a) Pagar alguma coisa: (Transitivo direto)
Ele pagou a conta e saiu.

b) Pagar a alguém: (Transitivo indireto)
Corria o risco de se arruinar e não poder pagar aos credores.

c) Pagar alguma coisa a alguém: (Transitivo direto e indireto)
Paguei a consulta diretamente ao médico.

d) Pagar por alguma coisas: (Transitivo indireto)
Quanto pagou pela hospedagem?

e) Pagar (sem complemento): (Intransitivo)
Muitos assistem aos jogos sem pagar.

Pedir (no sentido de coisa pedida)

É transitivo direto:
Pediu uma refeição leve.
Pode também ser transitivo direto e indireto:
Pediu ao vereador que asfaltasse as ruas de seu bairro.
É transitivo indireto na acepção de interceder (rege a preposição por):
Pediu pelo amigo.

Perdoar

Constrói-se com objeto direto de coisa e objeto indireto de pessoa:
Deus perdoe nossos pecados.
Dizei-lhe que lhe perdoei.
Perdoem-lhe esse riso.


Permitir

Exige objeto indireto de pessoa: (constrói-se com o pronome lhe)
A empregada permitiu ao repórter que entrasse. (Rege a preposição a)
A empregada permitiu-lhe que entrasse. (Transitivo direto e indireto)

ATENÇÃO!! Não se usa a preposição "de" antes de oração infinitiva.
O pai lhe permite sair sozinha. (e não de sair sozinha)

Pisar

É transitivo direto ou transitivo indireto na acepção de por os pés sobre, passar ou andar por cima de:
Pedro pisou a (na) grama.
É transitivo direto na acepção de esmagar com os pés.
Antigamente só se fazia vinhos pisando uvas.

Poupar

É transitivo direto e indireto podendo ter duas formações:
Poupar alguém de alguma coisa.
Poupar alguma coisa a alguém.
Poupe seu pai desse desgosto.
Poupe esse desgosto a seu pai.


Preceder

É transitivo direto ou indireto, indiferentemente:
João Paulo II precedeu Bento XVI no vaticano.
João Paulo II precedeu a Bento XVI no vaticano.


Precisar

No sentido de ter necessidade, necessitar, constrói-se com objeto direto ou objeto indireto, indiferentemente, mas a língua hodierna tem preferência por este último complemento:
O país precisa de agrônomos.
Preciso a colaboração de todos.


Como dito acima, neste último exemplo com o verbo precisar sendo transitivo direto, tal construção, no português contemporâneo, já não tem cabimento, a não ser que o objeto seja uma oração:
Preciso que todos colaborem.

Antes de infinitivo o verbo precisar se diz auxiliar e também dispensa a preposição “de”:
Precisamos colaborar com a limpeza pública.

Às vezes, usa-se na voz passiva, outras, com sujeito indeterminado:
Precisa-se de bons médicos. (sujeito indeterminado)
Precisam-se mais conhecimentos para o ler que para o escrever. (voz passiva sintética)

É transitivo direto na acepção de indicar com exatidão:
Ele diz que perdeu muito dinheiro, não sabe precisar a quantia.

Preferir

É transitivo direto e indireto com a preposição “a” no sentido de escolher uma coisa entre duas ou mais coisas:
O prisioneiro preferiu a morte à escravidão.

ATENÇÃO!! Esse verbo não se constrói com a locução conjuntiva “do que”:
Prefiro trabalhar do que passar fome. (ERRADO)
Prefiro trabalhar a passar fome. (CERTO)

O verbo preferir não admite modificadores como “muito mais”, “mil vezes”, “milhões de vezes”, etc. Preferir, por si só, já traz a ideia de muito mais, mil vezes, milhões de vezes. Portanto, quem os usa comete redundância.

É transitivo direto no sentido de dar primazia:
Confere ao homem o direito de preferir o bem ou o mal.

Prejudicar

É transito direto. O verbo pede complemento sem preposição.
Tal atitude não irá prejudicá-los.

Presidir

É transitivo direto ou indireto, indiferentemente:
Um nordestino preside o (ao) congresso.

Este verbo rejeita as formas lhe e lhes como complemento. Usam-se, então, as formas a ele, a ela, a eles, a elas:
A reunião foi conturbada. Não fui eu quem presidiu a ela.

Prevenir

É transitivo direto e indireto, com objeto direto de pessoa e indireto de coisa:
O serviço de meteorologia preveniu-os do mau tempo.

Proceder

É intransitivo no sentido de ter fundamento:
Sua solicitação não procede.
É intransitivo também na acepção de comportar-se, agir:
Eles procedem honestamente.
È transitivo indireto na acepção de originar-se, provir, derivar, descender:
Da ambição humana procedem muitos males.
Também é transitivo indireto, com preposição “a” no sentido de dar início, levar a efeito, realizar:
O professor procederá ao sorteio dos pontos para exame.

Procurar

Procurar = buscar (sem preposição):
Estava procurando um amigo (buscava)

Procurar = esforçar-se por achar (com preposição por)
Estava procurando por um amigo (esforçava-se por achar)

Puxar

Puxar a alguém = parecer: (transitivo indireto)
O menino puxou ao pai: é muito impaciente.

Alguns gramáticos aceitam ainda a preposição por:
O menino puxou pelo pai: é muito impaciente.

Puxar alguém = arrastar (transitivo direto)
O menino puxou o pai pela camisa.

Querer

É transitivo direto no sentido de desejar:
Não quero você aqui a estas horas.
É transitivo indireto no sentido de estimar, amar (rege a preposição a):
O pai não queria ao filho como à filha.

Referir

É transitivo direto e indireto no sentido de narrar, contar, com objeto direto de coisa e indireto de pessoa (rege a preposição a):
O avô refere várias histórias aos netos.
Na acepção de dizer respeito é pronominal e transito indireto (rege a preposição a):
Não me referia a seu irmão.

Reparar

É transitivo direto no sentido de consertar:
O marceneiro reparou a porta
É transitivo indireto (com a preposição em) no sentido de observar, e com a preposição para, no de olhar:
Repare no que ele diz
Repare para aquela paisagem

Residir

É intransitivo que, geralmente, aparece modificado por adjunto. Rege a preposição em:
Resido nesta avenida há muito tempo.

Evite, pois, esta construção:
Resido à avenida Atlântica há muito tempo.

Ninguém reside "a" um bairro, mas em um bairro; ninguém reside "ao" centro da cidade, mas no centro da cidade.

Responder

É transitivo direto e indireto, com objeto direto de coisa e indireto de pessoa:
O senador respondeu ao jornalista que o projeto do governo sofreria emendas.
Respondeu-lhe que o projeto do governo sofreria emendas.
Neste caso, admite o pronome lhe.
É transitivo indireto em resposta a uma carta, a uma pergunta, a um questionário.
Mônica não responde às minhas cartas
Mônica não responde a elas
Neste caso, não admite o pronome lhe.
É transitivo direto para exprimir a resposta:
O homem respondeu qualquer coisa de ininteligível
Neste caso, aceita a voz passiva.
Qualquer coisa foi respondida pelo homem.
É transitivo indireto na acepção de ser ou ficar responsável (rege a preposição por):
Cada um responde pelos seus atos.

Reverter

É transitivo indireto no sentido de voltar ao primitivo estado ou ao que foi antes, regressar (rege a preposição a):
João, funcionário aposentado, reverteu à ativa.
Também transitivo indireto no sentido de voltar para a posse de alguém (rege a preposição a):
O imóvel reverterá ao legítimo dono.
É transitivo indireto (com preposição em) no sentido de redundar em, destinar-se, converter-se:
A renda do espetáculo reverterá em benefício dos desabrigados.

É incorreto o uso deste verbo no sentido de mudar, inverter.

Servir

É transitivo direto no sentido de prestar serviço e no de pôr sobre a mesa:
As empregadas ainda não serviram os convidados.
Sirva o almoço, Hortênsia!

Sobressair

Não é pronominal em nenhuma hipótese:
A Miss Bahia sobressaiu entre todas as candidatas.

Solicitar

É transitivo direto e indireto, com objeto direto de coisa e indireto de pessoa, de preferência com a preposição de, mas pode aparecer também com a preposição a:
Solicitei do (ou ao) chefe uma folga de três dias.

Subir

É intransitivo com preposição a ou em:
Sobem ao céu rolos de fumaça.
Chegou até subir no banco.

Outras regências serão acrescentadas futuramente.

Questões que tratam deste assunto:

Questão 4 da prova do CESPE - TEC. SUPERIOR DETRAN/ES (2010)
Questão 9 da prova do CESPE - AGU (2010)
Questão 5 da prova do CESGRANRIO - PETROBRAS SUPERIOR (2012)
Questão 10 da prova da FCC - TRT-RS (TEC.JUD.2011)
Questão 8 da prova do CESPE - INMETRO (NÍVEL SUPERIOR 2009)
Questão 8 e 20 da prova da FCC - TRT-SE (TEC.2010)
Questão 3 da prova da CESPE - EMBASA (2009)
Questão 19 da prova da FCC - TRT/CE - (ANALISTA/2009)
Questão 71 e 73 da prova da ESAF - ATA-MF/2009
Questão 3 da prova da ESAF - ANA/2009
Questão 9 da prova do CESPE - IBAMA (SUPERIOR 2009)
Questão 28 da prova da AOCP - PRODEB (SUPERIOR 2008)

Você também pode se interessar por crase.

sábado, 26 de abril de 2008

USO DA CRASE

Do grego, krásis, é a fusão entre a preposição a com:

a) artigo definido feminino a ou as
b) pronome demonstrativo a ou as
c) o a inicial dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo
d) a letra a antecedente do pronome relativo a qual (quais)

A representação da crase é: à ou às. Esta chama-se acento grave indicativo de crase.

Para aplicar corretamente a crase, em regra geral, é preciso saber se o termo regente aceita a preposição a e o termo regido aceita o artigo a.

Observe:
a) Eu obedeci à professora.

TERMO REGENTE: obedeci (verbo) - Quem obedece, obedece a alguém - REGÊNCIA VERBAL
TERMO REGIDO: a professora (palavra feminina)

Neste exemplo, o verbo obedecer exige a preposição a. Além disso, temos de analisar se a palavra que vem depois aceita o artigo.

Veja a frase abaixo:
A professora é bonita. (aceita o artigo A)
A palavra professora é feminina e aceita o artigo, portanto aplica-se a crase na frase Eu obedeci à professora.

b) É homem propenso à colera.

TERMO REGENTE: propenso (nome) - Quem é propenso, é propenso a alguma coisa - REGÊNCIA NOMINAL
TERMO REGIDO: a colera (palavra feminina)

Como no exemplo anterior, o nome propenso exige a preposição a e colera é uma palavra feminina que aceita o artigo a. A diferença entre os dois exemplos é o tipo de regência.
Visto este início, pode-se concluir que, na maioria dos casos, o USO DA CRASE está ligado diretamente à REGÊNCIA. Esta é, portanto, o modo pelo qual um termo rege outro que o complementa.

A crase pode ser:

* obrigatória
* facultativa
* proibitiva



CRASE OBRIGATÓRIA

1) Se, na troca da palavra feminina por uma masculina, aparecer antes a contração AO (A-prep.+O-art.), a crase será obrigatória.

O fumo é prejudicial à saúde (a + a)
Trocando-se a palavra saúde por uma masculina ...

O fumo é prejudicial ao organismo (a + o) - Aqui fica mais fácil identificar a presença do artigo.

ATENÇÃO!! O a no singular que antecede nome no plural é apenas a preposição e, portanto, não pode ser acentuado.

A lei não se referia a pessoas idosas

Para que o acento ocorresse a frase deveria ser:

A lei não se referia às pessoas idosas (aos homens idosos)

2) Com topônimos (Nomes próprios de lugares)

Use o seguinte artifício para detectar a presença do artigo:

SE ESTOU NA ...
OU VOLTO DA ...
PODE HAVER CRASE NO A (DEPENDE DA REGÊNCIA)

SE ESTOU EM ...
OU VOLTO DE ...
CRASE PRA QUÊ

Vou à Bahia (O verbo ir pede a preposição a, e a Bahia aceita o artigo feminino a - Estou na Bahia) (em + a = na)

Agora... Vocês ainda conhecerão a Itália (Neste exemplo, existe o artigo a - estou na Itália, mas não existe a preposição a porque a regência do verbo conhecer não pede preposição - Quem conhece, conhece alguém ou algum lugar)

Vou a Roma (Aqui, existe a preposição, mas não existe o artigo - estou em Roma)

Mas se a cidade tiver modificador:

Vou à Roma dos Césares

3) Nas locuções adverbiais - à direita, à esquerda, à força, à vontade, à mesa, etc.

Observe:

Sentar-se à mesa significa sentar-se ao redor dela.
Sentar-se na mesa signica sentar-se em cima dela.

O acento é opcional nas locuções adverbiais de meio ou instrumento: (Assunto polêmico entre os gramáticos)
Barco a (ou à) vela, Escrever a (ou à) mão, repelir o invasor a (ou à) bala. (A tendência é pelo uso da crase)

Deixa de ser optativo para evitar duplo sentido:

Feriu o rapaz a faca (a faca = sujeito) - seria a mesma coisa dizer: A faca feriu o rapaz
Feriu o rapaz à faca (à faca = adjunto adverbial de instrumento) - foi ferido com a faca

4) Nas locuções prepositivas - à espera de, à procura de, à frente de, etc.

Ficamos à frente do grupo.
Quando as locuções prepositivas à moda de ou à maneira de ficam subentendidas, ocorre a crase normalmente:

O mestre-sala vestia-se à Luís XV. (= à moda de Luís XV)

5) Nas locuções conjuntivas - à medida que, à proporção que, etc.

Progrediremos à medida que trabalharmos.

6) Na contração da preposição a com um dos pronomes demonstrativos a, aquele(s), aquela(s), aquilo.

Sempre dou conselhos àquele rapaz (a + aquele) - Quem dá, dá alguma coisa (conselhos) a alguém (aquele rapaz).

Não estou falando de todas as jovens; refiro-me à que você namora.

ATENÇÃO!! Para saber se o a é pronome demonstrtativo tente substituí-lo por aquele, aquela ou aquilo.

Não estou falando de todas as jovens; refiro-me àquela que você namora.
7) Com o pronome relativo A QUAL

Essa é a pessoa à qual fiz referência (Quem faz referência, faz referência a alguém) - a + a qual

Mas observe:

Essa é a pessoa a que fiz referência (O a desta frase é apenas preposição)

Com o pronome relativo que, para haver crase, deve existir o pronome demosntrativo antes.

Observe:

Essa caneta é igual à que perdi ontem (igual àquela que perdi ontem) - a + a(ou aquela) + que

Um método prático para detectar a presença da crase neste caso: trocar o antecedente por palavra masculina. Se o A virar AO, existe a crase.
Esse chapéu é igual ao que perdi ontem (a-prep. + o-pron. dem.)

Conheço a história a que se referem (sem crase)
Conheço o caso a que se referem (não apareceu ao)

8) Com a palavra HORA, quando indica o momento exato em que ocorre alguma coisa:

O trem chegou à estação às 18 horas.

9) Com a expressão à distância de, seja ela determinada, precisa ou não:

Achava-me à distância de cem metros do local do crime
Os bombeiros permaneceram à distância de 50 metros do incêndio
Paramos à distância de alguns metros do riacho

Não haverá a crase se o verbo não pedir a preposição:

Motoristas, matenham a distância de 20 metros entre os veículos.

Quando se trata da locução adverbial a distância (indeterminada), é opcional o uso da crase: (Muitos escritores ora acentuam, ora não acentuam. Não existe um consenso.)

"É necessário vê-los a distancia." (GRACILIANO RAMOS)
"Pedras de gamão estavam à distância." (GRACILIANO RAMOS)


CRASE FACULTATIVA

1) O uso do artigo fica facultado antes dos pronomes possessivos. Assim, se houver a preposição, a crase é facultativa.

Referiu-se a minha viagem ou
Referiu-se à minha viagem.
Observe que o verbo pronominal referir-se pede a preposição a e, com relação ao artigo, posso formar dois tipos de frase:

Minha viagem é hoje ou
A minha viagem é hoje.
Observe que posso ou não usar o artigo.
Mas antes de possessivos acompanhados de nome de parentesco, não se usa o sinal indicativo de crase:

Dei isto a sua mãe.

2) Antes de nome de mulher.

Observe também, neste caso, que podemos formar frases com ou sem o artigo + nome
de mulher.

Posso dizer:

Juliana é feia ou
A Juliana é feia.

Quanto à preposição, ela depende da regência.

Posso dizer:

Direi isso a Juliana ou
Direi isso à Juliana.

REGÊNCIA DO VERBO DIZER: Quem diz, diz alguma coisa (isso) a alguém (Juliana)
3) Antes da preposição ATÉ, mas podemos usar também a locução ATÉ A. Se a palavra que vier depois for feminina, pode haver a crase.

Irei até a chácara ou
Irei até à chácara. (Irei até os limites da chácara)

Se compararmos com uma palavra masculina:

Irei até o sítio ou
Irei até ao sítio. (Irei até as imediações do sítio)

Na maioria dos casos, deve-se utilizar sem crase. A crase só cabe pra evitar ambiguidades.
Os garimpeiros danificaram todo o rio até à nascente. [Sem o acento grave, poder-se-ia entender que os garimpeiros danificaram inclusive a nascente]

Até a = Indica inclusão.
Ate à = Indica limite, isto é, exclusão.

4) Antes destes nomes próprios de lugares: Europa, Ásia, África, França, Inglaterra, Espanha, Holanda, Escócia e Flandres.

Fui a (ou à) Europa o ano passado.


CASOS PROIBITIVOS

1) Antes de palavra masculina:

Ele gosta de andar a cavalo.

2) Antes de substantivo tomado em sentido genérico ou indeterminado:

Elisabete não vai a festa, a reunião, a parte alguma.

Observe, por exemplo, que não está sendo determinada festa alguma, portanto fica-se sem o artigo definido feminino. Neste caso, só exite a preposição.

3) Antes do artigo indefinido uma (Por quê? Deixe seu comentário aqui com sua resposta)
Dirigi-me a uma pessoa da platéia (Aqui só existe a preposição a exigida pelo verbo)

4) Diante da palavra casa no sentido de lar, domicílio, quando não acompanhada de adjetivo ou locução adjetiva

Voltamos a casa tristes (vim de casa - não existe o artigo)

Acompanhada de adjetivo ou locução adjetiva:

O filho pródigo voltou à casa paterna (vim da casa paterna - existe o artigo)

5) Antes da palavra terra quando antônima de bordo

Os tripulantes do navio ainda vieram a terra.

Fora desse caso:

Aves voavam rente à terra.

6) Antes de todos os pronomes que não admitem artigo (a maioria dos indefinidos e relativos e boa parte dos demonstrativos)

Não estou fazendo alusão a nenhuma das pessoas presentes.
Esta é a vida a que aspiramos.
Dei a esta moça o melhor presente.

7) Antes de verbo

Estamos dispostos a colaborar (não existe o artigo)

8) Diante de nomes próprios que não admitem o artigo

Rezamos a Nossa Senhora todos os dias.

9) Nas locuções formadas com a repetição da mesma palavra

Tomou o remédio gota a gota
Estavam frente a frente

CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Na maioria dos casos, observe estes dois tópicos abaixo:

* Observe sempre a regência que ocorre na frase. Para que exista a possibilidade de ocorrência de crase, o termo regente (verbo ou nome) deve exigir a preposição a.

* Para que o artigo a ocorra, a palavra tem que ser feminina. Tente formar uma frase começando com ela e veja se o artigo aparece:

É um favor que peço à senhorita (Quem pede, pede alguma coisa a alguém e a palavra senhorita permite o artigo porque posso formar uma frase começando com aquela onde este aparecerá: A senhorita é linda!!)

Solicito a Vossa Senhoria o obséquio de anotar nosso endereço (Quem solicita, solicita alguma coisa a alguém, mas a frase não admite o artigo. Formando a frase: Vossa Senhoria está cansada?)

Para saber quais são os termos regentes que aceitam a preposição a, estude as regências nominal e verbal em regência.

Questões que tratam deste assunto:

Questão 15 da prova do CESPE - BANCO DO AMAZONAS SA (2010)
Questão 9 da prova do CESPE - INMETRO (NÍVEL SUPERIOR 2009)
Questão 10 da prova da FCC - TRT-SE (TEC.2010)
Questão 8 da prova da FCC - TRT/MG (TÉCNICO/2009)
Questão 19 da prova da FCC - TRT/MA (TEC.JUD.2009)
Questão 75 da prova da ESAF - ATA-MF/2009
Questão 4 e 5 da prova da ESAF - ANA/2009
Questão 6 da prova do CESPE - IBAMA (SUPERIOR 2009)
Questão 5 da prova da (CESGRANRIO) CAIXA, MÉDIO, 2012



Você também pode se interessar pela formação das palavras.