domingo, 29 de junho de 2008

EMPREGO DO HÍFEN

O emprego do hífen é um dos assuntos mais difíceis da nossa língua. Com a reforma ortográfica, ele ficou mais simplificado, ajudando no entendimento deste assunto. No final deste tópico, falarei o que mudou com a reforma.

ANTES DA REFORMA ORTOGRÁFICA

Emprega-se o hífen:

1) em palavras compostas com autonomia fonética e acentuação própria, mas com um novo significado.
Observe:
Pão duro = pão endurecido
Pão-duro = Sovina, mão-de-vaca

Copo de leite = copo com leite
Copo-de-leite = nome de uma flor

2) para ligar pronomes átonos a verbos:
lê-lo, deixe-o
3) em adjetivos compostos:
cor-de-rosa, sem-vergonha

4) em palavras formadas pelos adjetivos de origem tupi açu, guaçu e mirim, se o elemento anterior acaba em vogal acentuada ou nasal:
sabiá-guaçu, capim-açu, socó-mirim

5) em vocábulos formados por elementos e prefixos com acentuação própria ou evidência semântica:
além-: além-mar, além-túmulo
aquém-: aquém-mar
pré-: pré-aviso, pré-eleitoral, pré-história
pró-: pró-americano, pró-alfabetização, pró-paz
recém-: recém-nascido, recém-casado
pós-: pós-graduação, pós-guerra
grã-, grão-: grã-fino, grão-mestre
não-: não-agressão
co-: co-acusado, co-direção, co-fundador
ex-: ex-aluno, ex-presidente
sem-: sem-educação, sem-cerimônia
vice-: vice-prefeito, vice-governador, vice-presidente, vice-reitor

Exceções: Alentejo, precondição, prodiagnóstico, pospontar, coexistir, exsurgir, sensabor, vicedômino.

6) depois dos seguintes prefixos, sempre que for preciso evitar pronúncias incorretas:

6.1) auto-, contra-, infra-, intra-, neo-, proto-, pseudo-, semi-, supra-, ultra-, extra-, antes de vogal, h, r ou s:
auto-hipnose, contra-ataque, infra-estrutura, ultra-radical. Portanto, sem hífen: autoconfiança, semicírculo, supracitado, ultravioleta.

Exceção: extraordinário

6.2) ante-, anti-, arqui-, sobre-, antes de h, r ou s:
ante-sala, anti-horário, arqui-sábio, sobre-saia. Portanto, sem hífen: antebraço, antiaéreo.

6.3) super-, hiper-, inter-, antes de h ou r:
super-homem, inter-relação.

6.4) ab-, ad-, ob-, sob- e sub-, quando seguidos de elementos iniciados por r:
ab-rogar, ad-renal, ob-reptício, sob-roda, sub-reino, etc.

ATENÇÃO: O prefixo sub leva hífen também antes de h ou b:
sub-base, sub-humano. Este último também pode ser escrito sem h e sem hífen: subumano.

6.5) circum-, pan-, mal, antes de vogal ou h:
pan-americano, mal-educado, circum-adjacente. Antes de outras letras, sem hífen: malcriado, circunavegação.

6.6) bem-, quando a palavra que lhe segue tem vida autônoma na língua ou quando a pronúncia o requer:
bem-amado, bem-estar, bem-aventurança, etc.

Outros prefixos e radicais
Com hífen apenas antes de h: entre-, mini-:
entre-hostil, mini-hélice. Portanto, sem hífen: entressafra, minissaia.

Sempre sem hífen: aero-, agro-, alvi-, audio-, bi-, cardio-, centro-, eletro-, hexa-, hidro-, maxi-, mega-, micro-, multi-, neuro-, para-, pluri-, poli-, psico-, radio-, socio-, tele-, turbo.
aeroclube, agroindústria, alviverde, audiovisual, bicampeão, cardiovascular, centroavante,
eletroidráulico, hexacampeonato, hidroavião, maxidesvalorização, megaestrutura, microempresa, multimilionário, neurocirurgião, paramilitar, plurianual, polirrítmico,
psicossocial, radioamador, socioeconômico, telessexo, turboélice.

Exceções: agro-doce, pára-choque, psico-história.


O QUE MUDOU COM A REFORMA ORTOGRÁFICA:
Não se usará mais o hífen:

a) quando o segundo elemento começa com s ou r, devendo estas consoantes ser duplicadas, como em antirreligioso, contrarregra, infrassom.
Exceção: será mantido o hífen quando os prefixos terminam com r, ou seja, hiper-, inter- e
super-
, ou seja, quando o prefixo terminar por consoante, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma consoante: hiper-requintado, inter-racial, sub-bibliotecário, super-romântico.

b) quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente.
Exemplos: extraescolar, autoestrada.
Mas: arqui-inimigo, anti-infl amatório, micro-ondas, etc.
Exceção: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar, coobrigação, coordenar, cooperar, coo peração, cooptar, coocupante,
coprodução,
etc.

ATENÇÃO!!
Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-homem. O restante das regras permanece, por exemplo, com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, vice usa-se sempre o hífen:
ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular,
pró-europeu, vice-rei, vice-almirante.

Exceção: predefinido, etc.

Assim, as respostas da enquete sobre emprego do hífen são malcriado (33% dos votos), mal-educado (66% dos votos) e subumano (66% dos votos).

Para saber mais sobre a reforma, acesse novo acordo ortográfico.


Você também pode se interessar pela acentuação gráfica.

sábado, 7 de junho de 2008

ACENTUAÇÃO GRÁFICA

É a forma encontrada por algumas palavras para representar a sua sílaba tônica. Estas palavras, na escrita, possuem o chamado acento gráfico. Eles podem ser:
· Acento agudo ( ´ ) – pá, café, médico
· Acento circunflexo ( ^ ) – você, lê, cômico
· Acento grave ( ` ) – serve para indicar a crase
· Trema ( ¨ ) – utilizado na vogal átona U dos grupos gue, gui, que, qui (quando o U for pronunciado): agüenta· Til ( ~ ) – aplicado sobre as vogais nasais A e O: mãe, depõe

Durante a exposição das regras de acentuação, em momentos oportunos, falarei sobre o que muda com a reforma ortográfica dos países que falam a língua portuguesa: Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Brasil e Portugal.

REGRAS DE ACENTUAÇÃO

1) Acentuam-se todas as palavras monossílabas tônicas terminadas em A, E, O:
Pá, fé, pó

2) Acentuam-se as oxítonas terminadas em A, E, O (mesmas terminações das monossílabas tônicas), EM, ENS:
Vatapá, vendê-lo, parabéns

3) Acentuam-se todas as paroxítonas, exceto as terminadas em A, E, O (seguidos ou não de s, desde que não formem ditongo), EM, ENS (terminações acentuadas das oxítonas), AM:
Amável, bíceps, hífen, júri, vírus, órgão, médium, álbuns, história

4) Acentuam-se todas as proparoxítonas, sem exceção:
Cínico, ângulo, protóipo

5) Acentua-se a vogal dos ditongos orais abertos tônicos ÉI, ÓI, ÉU:
Idéia, anéis, chapéu, dói, jibóia

O QUE MUDA COM A REFORMA:
Não se usará mais o acento nos ditongos abertos EI e OI de palavras paroxítonas.
Assim: assembléia, idéia, jibóia serão escritas sem o acento: assembleia, ideia, jiboia.
Mas: chapéu e dói continuarão com o acento.

6) Acentuam-se as letras I e U, tônicas, quando são a segunda vogal de um hiato, estando sozinhas ou formando sílaba com S:
viúva, caí, açaí, faísca

ATENÇÃO:
Mesmo sozinha na sílaba, a letra I não será acentuada quando seguida de NH (rainha).
Se for vogal repetida (II ou UU), não haverá acento (vadiice).

O QUE MUDA COM A REFORMA:
Não se usará mais o acento nas palavras paroxítonas, com I e U tônicos, quando precedidos de ditongo.
Assim: feiúra, baiúca serão escritas sem o acento: feiura, baiuca.

7) Acentua-se a primeira vogal do hiato ÔO:
Vôo, enjôo

O QUE MUDA COM A REFORMA:
Não se usará mais o acento em palavras terminados em hiato OO, como enjôo ou vôo - que se tornam enjoo e voo.

8) Acentua-se a primeira vogal do grupo EE dos verbos VER, LER, CRER, DAR, na terceira pessoa do plural, quando a terceira do singular termina em Ê. Os derivados desses verbos seguem a mesma regra:
Ele vê, lê, crê, dê - Eles vêem, lêem, crêem, dêem.

O QUE MUDA COM A REFORMA:
Não se usará mais o acento nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos VER, LER, CRER, DAR e seus derivados. A grafia correta será veem, leem, creem, deem.

9) Acentua-se a terceira pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos TER e VIR e seus derivados. O singular segue as regras gerais.
Eles têm, eles vêm

10) Usa-se o trema (¨) na letra U dos grupos GUE, GUI, QUE e QUI, quando é pronunciada e átona.
Agüentar, pingüim

ATENÇÃO:Usa-se o acento agudo quando a letra U for pronunciada e tônica, também apenas antes de E e I averigúe, apazigúe

O QUE MUDA COM A REFORMA:
O trema deixará de existir, a não ser em nomes próprios e seus derivados.
Não se usará mais o acento nas formas verbais que têm o acento tônico na raiz, com U tônico precedido de G ou Q e seguido de E ou I. Com isso, algumas poucas formas de verbos, como averigúe (averiguar), apazigúe (apaziguar) e argúem (arg(ü/u)ir), passam a ser grafadas averigue, apazigue, arguem.

11) Emprega-se o acento diferencial como sinal distintivo de vocábulos homógrafos, nos seguintes casos:

a) Para distinguir homógrafos tônicos e homógrafos átonos:
Tônicos / átonos
ás (carta de baralho, piloto exímio) / as (artigo feminino plural)
pára (verbo) / para (preposição)
péla, pélas (substantivo e verbo) / pela, pelas (contrações de per+a, per+as)
pélo (verbo); pêlo, pêlos (substantivo) / pelo, pelos (per+o, per+os)
pólo, pólos (extremidade, jogo) / polo (contração arcaica de por+o)
pôlo, pôlos (falcão)
pêra (fruta); péra ou péra-fita (grande pedra antiga fincada no chão) / pera (preposição arcaica)
pôr (verbo) /por (preposição)
côa, côas (formas do verbo coar) / coa, coas (contrtação com+a, com+as)
quê (subtantivo, pronome em fim de frase) / que (conjunção)
porquê (substantivo: motivo, causa) / porque (conjunção)

b) Excepcionalmente, para diferenciar o homógrafo tônico fechado pôde (pretérito perfeito do verbo poder) do homógrafo tônico aberto pode (presente do indicativo do mesmo verbo).
Ontem o médico não pôde atender. Hoje ele pode.

O QUE MUDA COM A REFORMA:
Não se usará mais o acento para diferenciar:
1. pára (flexão do verbo parar) de para (preposição)
2. péla (flexão do verbo pelar) de pela (combinação da preposição com o artigo)
3. pólo (substantivo) de polo (combinação antiga e popular de "por" e "lo")
4. pélo (flexão do verbo pelar), pêlo (substantivo) e pelo (combinação da preposição com o artigo)
5. pêra (substantivo - fruta), péra (substantivo arcaico - pedra) e pera (preposição arcaica)

Para saber mais sobre a reforma, acesse novo acordo ortográfico.

Questões que tratam deste assunto:

Questão 8 da prova do CESPE - IBAMA (SUPERIOR 2009)

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