domingo, 12 de outubro de 2008

FIGURAS DE LINGUAGEM

Para entendermos as figuras de linguagem, precisamos saber o que é uma frase com sentido denotativo e conotativo. O sentido denotativo é o sentido real da palavra. O conotativo é o sentido irreal ou figurado. Assim, figuras de linguagem são artifícios utilizados por quem fala ou escreve, no sentido conotativo, para dar mais força à expressão.

Observe os dois exemplos abaixo:
O tigre é uma fera. (fera = animal feroz - sentido denotativo)
Eu sou fera em matemática. (fera = pessoa inteligente - sentido conotativo)

Podemos classificar as figuras de linguagem em 3 tipos:
a) Figuras de palavras (ou tropos)
b) Figuras de construção (ou sintaxe)
c) Figuras de pensamento


FIGURAS DE PALAVRAS

1. Metáfora: é o desvio da significação própria de uma palavra nascido de uma comparação mental ou característica comum entre dois seres ou fatos.
O pavão é um arco-iris de plumas (...é como um arco-íris...)
Essa menina é uma flor.

2. Comparação (ou símile): consiste em se confrotar pessoas ou coisas de forma a se destacar semelhanças entre elas.
A criança é tal qual uma plantinha delicada: precisa de amor e proteção.

ATENÇÃO: Não confundir metáfora e comparação. A última tem os termos expressos ligados com nexos comparativos (como, assim como...)
Nero foi cruel como um monstro (comparação)
Nero foi um monstro (metáfora)

3. Metonímia: consite em usar uma palavra por outra, com a qual se acha relacionada. Veja alguns exemplos:
Nas horas de folga lia Camões (O autor pela obra - lia a obra de Camões)
Ele é um bom garfo (O instrumento pela pessoa que o utiliza - ele é comilão)
Ele não tinha teto onde se abrigasse (A parte pelo todo - ele não tinha casa...)

4. Perífrase: é uma expressão que designa os seres por meio de alguma de suas características.
O rei dos animais foi generoso (= leão)

5. Sinestesia: é a mistura de sentidos na frase.
Sua voz doce e aveludada era uma carícia em meus ouvidos. [voz = sensação auditiva, doce = sensação gustativa, aveludada = sensação tátil]

6. Catacrese: uso especial, por analogia, de uma palavra, devido à falta ou desconhecimento do termo apropriado.
Dente de alho
Barriga da perna



FIGURAS DE CONSTRUÇÃO

1. Elipse: é a omissão de um termo facilmente subentendido.
A moça estava ali, os olhos postos no chão. (com)

2. Zeugma: Tipo especial de elipse em que se omite um termo expresso anteriormente.
Luís foi à escola; Marcos, à biblioteca. (foi)

3. Pleonasmo: é o emprego de palavras redundantes, com o fim de reforçar a expressão.
Tenha pena de sua filha, perdoe-lhe pelo divino amor de Deus.

4. Assíndeto: omissão de um conectivo coordenativo.
Vim, vi, venci.

5. Polissíndeto: É a repetição intencional de conectivo coordenativo.
Trejeita, e canta, e ri nervosamente.
Mão gentil, mas cruel, mas traiçoeira.

6. Inversão (ou hipérbato): consiste em alterar a ordem dos termos ou orações com o fim de lhes dar destaque.
Por que brigavam no meu interior esses entes de sonho não sei.

7. Anástrofe: tipo especial de inversão entre o termo regente e o termo regido:
Vamos dormir dos astros sob o manto (...sob o manto dos astros)

8. Anacoluto: é a quebra ou interrupção do fio da frase, deixando um termo sem nexo sintático. Deve-se usá-lo com sobriedade e consciência.
Eu, pouco me importa esse assunto.

9. Silepse: é a concordância com a idéia associada na mente. Podemos ter:

9.1 Silepse de gênero:
Vossa Majestade será informado acerca de tudo. (Vossa Majestade é termo feminino, mas estamos concordando com a idéia de que Vossa Majestade é homem.)

9.2 Silepse de número:
Corria gente de todos os lados, e gritavam. (O núcleo do sujeito, gente, está no singular, mas
gritavam concorda com a idéia de pessoas de todos os lados...)

9.3 Silepse de pessoa:
Aliás todos os sertanejos somos assim (concordância com a idéia de que o autor da frase também é sertanejo e está se incluindo)

10. Onomatopéia: consiste no uso de palavras que imitam o som ou a voz natural dos seres. É um recurso fonêmico que a língua proporciona ao escritor.
Pedrinho, sem mais palavras, deu rédea e, lept! lept! arrancou estrada afora.

11. Repetição: consiste em repetir uma palavra ou oração para enfatizar a afirmação ou sugerir insistência, progressão.
Tudo, tudo, parado: parado e morto.

12. Aliteração: repetição expressiva de um fonema consonantal.
Que a brisa do Brasil beija e balança.

13. Anáfora: repetição de um termo no início de cada verso ou frase.
Agora preciso ver-te,
Agora desejo amar-te.

14. Hipálage: adjetivação de uma palavra em vez de outra.
O vôo branco das garças. (As garças é que são brancas)

15. Enálage: uso de um tempo verbal por outro.
Que seria de mim, não fora sua ajuda? (fora no lugar de fosse)

16. Quiasmo: inversão e repetição de termos, com ou sem alterações.
...tinha uma pedra no meio do caminho,
no meio do caminho tinha uma pedra.

17. Prolepse (ou antecipação): consiste na deslocação de um termo de uma oração para outra que a preceda, com o que adquire excepcional realce.
Os pastores parece que vivem no fim do mundo.



FIGURAS DE PENSAMENTO

1. Antítese: consiste na aproximação de palavras ou expressões de sentido oposto.
Quando a bola saía, entravam os comentários dos torcedores.

2. Apóstrofe: é a interrupção que faz o orador ou escritor para se dirigir a pessoas presentes ou ausentes, reais ou fictícias.
Deus te leve a salvo, brioso e altivo barco, por entre as vagas revoltas...

3. Eufemismo: consiste em suavizar a expressão de uma idéia triste com palavras amenas.
Fulano foi desta para melhor. (Esta é a resposta da enquete que fala sobre figuras de linguagem, com 83% dos votos)

4. Gradação: é uma seqüência de idéias colocadas em sentido crescente ou descrescente.
Ele foi um tímido, um frouxo, um covarde.

5. Hipérbole: é uma afirmação exagerada que visa um efeito expressivo.
Estava morto de sede.

6. Ironia: é a figura pela qual dizemos o contrário do que pensamos.
Fizeste um excelente serviço (para dizer que fez um serviço péssimo)

7. Paradoxo (ou oxímoro): uso intencional de um contra-senso.
O que não tenho e desejo é o que melhor me enriquece.

8. Personificação (ou prosopopéia, ou animização): é a figura pela qual fazemos seres inanimados agirem e sentirem como seres humanos.
Os sinos chamam para o amor.

9. Reticência: consiste em suspender o pensamento, deixando-o inacabado.
De todas, porém, a que me cativou logo foi uma... uma... não sei se digo.

10. Retificação: consiste em retificar uma afirmação anterior.
O síndico, aliás uma síndica muito gentil, não sabia como resolver o caso.


Você também pode se interessar pela estrutura das palavras.

13 comentários:

Anônimo disse...

Gostei! Está me ajudando!

Anônimo disse...

Gostei! Está me ajudando!

Anônimo disse...

Gostei! Está me ajudando!

Igor disse...

Muito obrigado pela ajuda, continue fazendo boas explicações por favor!

Amelia De Mello disse...

Acabei de encontrar seu blog e estou adorando. Muito obrigada por colocar tanta informação útil!

Moisés disse...

Fico feliz que tenha gostado. Muito obrigado!

Anônimo disse...

São cerca de quantas figuras de linguagem existente em nossa língua ?

Anônimo disse...

O melhor site com uma boa explicação,mim ajudou muito,se der tudo certo volto aqui para dizer como fui na prova.

Moisés disse...

Obrigado! Aguardo seu retorno. Boa sorte!

Moisés disse...

Obrigado! Aguardo seu retorno. Boa sorte!

Unknown disse...

Parabéns pela clareza do Ensino destes assuntos. Gratidão !

Anônimo disse...

Qual a figura de linguagem da palavra( uma Palavra,um gesto,um olhar.bastava para levantar suspeitos

Moisés disse...

A figura de linguagem da frase "Uma palavra, um gesto, um olhar bastava para levantar suspeitos" é a Gradação.