Para entendermos as figuras de linguagem, precisamos saber o que é uma frase com sentido denotativo e conotativo. O sentido denotativo é o sentido real da palavra. O conotativo é o sentido irreal ou figurado. Assim, figuras de linguagem são artifícios utilizados por quem fala ou escreve, no sentido conotativo, para dar mais força à expressão.
Observe os dois exemplos abaixo:
O tigre é uma fera. (fera = animal feroz - sentido denotativo)
Eu sou fera em matemática. (fera = pessoa inteligente - sentido conotativo)
Podemos classificar as figuras de linguagem em 3 tipos:
a) Figuras de palavras (ou tropos)
b) Figuras de construção (ou sintaxe)
c) Figuras de pensamento
FIGURAS DE PALAVRAS
1. Metáfora: é o desvio da significação própria de uma palavra nascido de uma comparação mental ou característica comum entre dois seres ou fatos.
O pavão é um arco-iris de plumas (...é como um arco-íris...)
Essa menina é uma flor.
2. Comparação (ou símile): consiste em se confrotar pessoas ou coisas de forma a se destacar semelhanças entre elas.
A criança é tal qual uma plantinha delicada: precisa de amor e proteção.
ATENÇÃO: Não confundir metáfora e comparação. A última tem os termos expressos ligados com nexos comparativos (como, assim como...)
Nero foi cruel como um monstro (comparação)
Nero foi um monstro (metáfora)
3. Metonímia: consite em usar uma palavra por outra, com a qual se acha relacionada. Veja alguns exemplos:
Nas horas de folga lia Camões (O autor pela obra - lia a obra de Camões)
Ele é um bom garfo (O instrumento pela pessoa que o utiliza - ele é comilão)
Ele não tinha teto onde se abrigasse (A parte pelo todo - ele não tinha casa...)
4. Perífrase: é uma expressão que designa os seres por meio de alguma de suas características.
O rei dos animais foi generoso (= leão)
5. Sinestesia: é a mistura de sentidos na frase.
Sua voz doce e aveludada era uma carícia em meus ouvidos. [voz = sensação auditiva, doce = sensação gustativa, aveludada = sensação tátil]
6. Catacrese: uso especial, por analogia, de uma palavra, devido à falta ou desconhecimento do termo apropriado.
Dente de alho
Barriga da perna
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO
1. Elipse: é a omissão de um termo facilmente subentendido.
A moça estava ali, os olhos postos no chão. (com)
2. Zeugma: Tipo especial de elipse em que se omite um termo expresso anteriormente.
Luís foi à escola; Marcos, à biblioteca. (foi)
3. Pleonasmo: é o emprego de palavras redundantes, com o fim de reforçar a expressão.
Tenha pena de sua filha, perdoe-lhe pelo divino amor de Deus.
4. Assíndeto: omissão de um conectivo coordenativo.
Vim, vi, venci.
5. Polissíndeto: É a repetição intencional de conectivo coordenativo.
Trejeita, e canta, e ri nervosamente.
Mão gentil, mas cruel, mas traiçoeira.
6. Inversão (ou hipérbato): consiste em alterar a ordem dos termos ou orações com o fim de lhes dar destaque.
Por que brigavam no meu interior esses entes de sonho não sei.
7. Anástrofe: tipo especial de inversão entre o termo regente e o termo regido:
Vamos dormir dos astros sob o manto (...sob o manto dos astros)
8. Anacoluto: é a quebra ou interrupção do fio da frase, deixando um termo sem nexo sintático. Deve-se usá-lo com sobriedade e consciência.
Eu, pouco me importa esse assunto.
9. Silepse: é a concordância com a idéia associada na mente. Podemos ter:
9.1 Silepse de gênero:
Vossa Majestade será informado acerca de tudo. (Vossa Majestade é termo feminino, mas estamos concordando com a idéia de que Vossa Majestade é homem.)
9.2 Silepse de número:
Corria gente de todos os lados, e gritavam. (O núcleo do sujeito, gente, está no singular, mas
gritavam concorda com a idéia de pessoas de todos os lados...)
gritavam concorda com a idéia de pessoas de todos os lados...)
9.3 Silepse de pessoa:
Aliás todos os sertanejos somos assim (concordância com a idéia de que o autor da frase também é sertanejo e está se incluindo)
10. Onomatopéia: consiste no uso de palavras que imitam o som ou a voz natural dos seres. É um recurso fonêmico que a língua proporciona ao escritor.
Pedrinho, sem mais palavras, deu rédea e, lept! lept! arrancou estrada afora.
11. Repetição: consiste em repetir uma palavra ou oração para enfatizar a afirmação ou sugerir insistência, progressão.
Tudo, tudo, parado: parado e morto.
12. Aliteração: repetição expressiva de um fonema consonantal.
Que a brisa do Brasil beija e balança.
13. Anáfora: repetição de um termo no início de cada verso ou frase.
Agora preciso ver-te,
Agora desejo amar-te.
14. Hipálage: adjetivação de uma palavra em vez de outra.
O vôo branco das garças. (As garças é que são brancas)
15. Enálage: uso de um tempo verbal por outro.
Que seria de mim, não fora sua ajuda? (fora no lugar de fosse)
16. Quiasmo: inversão e repetição de termos, com ou sem alterações.
...tinha uma pedra no meio do caminho,
no meio do caminho tinha uma pedra.
17. Prolepse (ou antecipação): consiste na deslocação de um termo de uma oração para outra que a preceda, com o que adquire excepcional realce.
Os pastores parece que vivem no fim do mundo.
FIGURAS DE PENSAMENTO
1. Antítese: consiste na aproximação de palavras ou expressões de sentido oposto.
Quando a bola saía, entravam os comentários dos torcedores.
2. Apóstrofe: é a interrupção que faz o orador ou escritor para se dirigir a pessoas presentes ou ausentes, reais ou fictícias.
Deus te leve a salvo, brioso e altivo barco, por entre as vagas revoltas...
3. Eufemismo: consiste em suavizar a expressão de uma idéia triste com palavras amenas.
Fulano foi desta para melhor. (Esta é a resposta da enquete que fala sobre figuras de linguagem, com 83% dos votos)
4. Gradação: é uma seqüência de idéias colocadas em sentido crescente ou descrescente.
Ele foi um tímido, um frouxo, um covarde.
5. Hipérbole: é uma afirmação exagerada que visa um efeito expressivo.
Estava morto de sede.
6. Ironia: é a figura pela qual dizemos o contrário do que pensamos.
Fizeste um excelente serviço (para dizer que fez um serviço péssimo)
7. Paradoxo (ou oxímoro): uso intencional de um contra-senso.
O que não tenho e desejo é o que melhor me enriquece.
8. Personificação (ou prosopopéia, ou animização): é a figura pela qual fazemos seres inanimados agirem e sentirem como seres humanos.
Os sinos chamam para o amor.
9. Reticência: consiste em suspender o pensamento, deixando-o inacabado.
De todas, porém, a que me cativou logo foi uma... uma... não sei se digo.
10. Retificação: consiste em retificar uma afirmação anterior.
O síndico, aliás uma síndica muito gentil, não sabia como resolver o caso.
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